Economia Social e Solidária e Astrine

Abril 24, 2020
Economia Social e Solidária e Astrine

 

Diante das diferentes perspectivas econômicas existentes e dando continuidade à série de informativos apresentados, abordaremos uma das economias que faz parte das vertentes aplicadas pela assessoria da Incubadora de Empreendimentos Sociais e Solidários da Universidade Federal de Ouro Preto (Incop), a Economia Social. Vamos conhecer?

Economia Social

Ao longo do tempo, diversos conceitos de Economia são discutidos de acordo com o momento vivido pela sociedade civil, visando esclarecer denominações, bem como diferenciar as atuações econômicas nas diversas esferas sociais. Historicamente, a Revolução Industrial, deu início a muitos movimentos e manifestações advindos de lutas de classes, que tinham como objetivo a reivindicação por transformações econômicas e sociais. Embora tais eventos ocorridos no século XVIII tenham trazido à tona discussões sobre novas relações de produção, foi no século XIX que o conceito de Economia Social emergiu de fato, através do surgimento e desenvolvimento das organizações associativas.

Com a intervenção do Estado, as quais previam a regularização e controle da economia, muitas ações contrárias ao que era proposto se difundiram, contudo, crises vindas destas intervenções feitas promoveram o fortalecimento crescente do cooperativismo, associativismo e mutualidades. As contribuições dos movimentos sociais de toda natureza trouxeram à pauta as práticas e as discussões em torno da temática da Economia Social, disseminando-a em diversas nações.

A Economia Social demonstrou grande importância na resposta às transformações sociais, econômicas e políticas e adquiriu no mundo um papel de destaque entre a esfera marginal de atuação do mercado e do Estado. Entretanto, a partir do século XX, uma série de mudanças econômicas advindas da crise capitalista geraram desemprego e fechamento de empresas, o que emanou “alternativas” que integraram elementos econômicos e sociais, destacando o movimento da Economia Solidária no Brasil. Este está ancorado na organização da sociedade civil, como consequência da reorganização do Estado, para atender políticas neoliberais, ambos postos como modo de produção alternativo.

 

Sendo assim, pode-se dizer que os conceitos de Economia Social e Economia Solidária são distinguidas por uma linha tênue: a aproximação entre o Estado e o mercado. Isto é, a Economia Social diferencia-se por possuir relações de compra, de venda e de prestação de serviços que movimentam recursos financeiros, com finalidade de promover o equilíbrio social. A Economia Solidária incorpora a isso elementos como equidade entre envolvidos, democracia, a solidariedade nas ações, não visando retorno financeiro focado no capital e sim nas pessoas. Assim, nem toda organização firmada na Economia Social é solidária.

 

Diante do contexto, existem organizações da sociedade civil que por meio da união dos princípios da Economia Social e da Economia Solidária conseguem seu fortalecimento. Dentro dos empreendimentos assessorados pela Incubadora de Empreendimentos Sociais e Solidários da Ufop (Incop) que trabalham essa junção pode ser destacada a Associação dos Triadores de Materiais Recicláveis de Nova Era (Astrine). A associação está entre os recentes empreendimentos que passou a ser auxiliado através do processo de incubação a partir do final de 2019.

 

A Astrine foi fundada em julho de 2010 com o objetivo de promover o resgate da cidadania dos trabalhadores que atuavam no recolhimento de materiais em condições precárias, bem como com o intuito de defender o meio ambiente e possibilitar o desenvolvimento sustentável local através da coleta, triagem e venda dos materiais recicláveis.  A associação carrega dentre os princípios da Economia Social a geração de renda e trabalho para seus associados, onde suas atividades impactam econômica e socioambientalmente, no município que essa se localiza, através da destinação adequada dos resíduos sólidos. Através da incubação, objetiva progredir suas ações embasando em preceitos da Economia Solidária por meio de elementos como autogestão, colaboração, solidariedade, democracia entre outros elementos, buscando corroborar também com o senso de coletividade.

A associação através da parceria realizada com a Prefeitura de Nova Era comercializa em torno de 20 toneladas de material por mês e é responsável pela coleta seletiva em implantação na cidade. A Astrine conta também com colaboradores da comunidade que buscam estratégias para apoiar o trabalho por ela desenvolvido. A incubadora, como um desses colaboradores busca auxiliar no fortalecimento da associação, direcionando suas ações aos processos de organização interna, a viabilidade de efetivação de parcerias ou até mesmo melhoria dentro das já existentes, suporte as atividades de educação socioambiental, bem como a disseminação e ampliação da coleta seletiva estruturada pela Astrine. Contudo, mesmo sendo recente, as ações a serem aplicadas dentro da associação visam o desenvolvimento sustentável de suas atividades.

Referências Bibliográficas

ANDION, C. A Gestão no Campo da Economia Solidária: Particularidades e Desafios. RAC, v. 9, n. 1, p. 79-101, 2005.

BERGONSI, S. S. S.; STOLTZ, T. Economia social ou economia solidaria? Sobre os fundamentos do movimento cooperativo popular no Brasil. In.: Cadernos Gestão Social, v.5, n.2, p.339-356, 2014.

 

CAEIROS, J. M. C. Economia social: conceitos, fundamentos e tipologia. In.: Revista Katálysis, v.11, n.1, p. 61-72, 2008.

SINGER, P. Introdução à Economia Solidária. São Paulo: Perseu Abramo, 2002.