
Como um modo de compreender as atividades realizadas pela Incubadora de Empreendimentos Sociais e Solidários (Incop) foram preparados uma série de conteúdos informativos que trarão à tona a realidade vivida e os resultados advindos dos seus 8 anos de existência. Assim, apresentaremos alguns diferentes tipos de economias com as quais a incubadora atua. A primeira delas é a “Economia da Dádiva”, vamos conhecê-la?!
Economia da Dádiva
Nas últimas décadas, a visão convencional e predominante de economia está relacionada à economia de mercado, associando-se ao dinheiro, trocas monetárias, princípio mercantil, ou ainda, competitividade organizacional. Esse modelo econômico, por sua vez, tem como base os princípios do liberalismo econômico: propriedade privada, liberdade de comércio e produção e livre concorrência, articulando-se em moldes competitivos e proporcionando, desta maneira, as desigualdades e injustiças sociais.
Em contrapartida, a economia, em seu modo rígido, se relaciona com a viabilização dos seres humanos para com suas condições materiais de existência, ou seja, o modo pelo qual as pessoas sobrevivem no meio em que estão inseridas. Logo, as formas pelas quais as pessoas se sustentam, em diferentes sociedades e culturas, são muito variadas.
Uma dessas formas é a chamada economia da dádiva ou ainda, economia de oferta, na qual seus princípios se baseiam nas doações de bens e serviços, sem que haja, formal ou explicitamente, expectativa de reciprocidade imediata ou futura. Nesse tipo de economia não se espera nada em troca, porém a reciprocidade é existente, não necessariamente envolvendo a mesma pessoa, ou seja, o doador, mas sim por meio de uma corrente que dá prosseguimento aos atos de doar, receber e retribuir.
Na dádiva, não são realizadas apenas trocas de bens materiais e serviços, mas também trocas simbólicas que prezam pela vontade de construir laços, relações pessoais e não pela utilidade de bens ou valor de troca. Dessa maneira, a economia da dádiva é contrária ao sentido posto na economia de mercado que se fundamenta no valor de troca de bens e serviços e não no valor de uso ou das ações.
Trazendo para a realidade da Incop, um dos empreendimentos que trabalham sob a perspectiva da Economia da Dádiva é a Associação Maria Efigênia (AME), essa que desde 2011 se dedica à atividade de assistência e promoção da saúde na cidade de João Monlevade e região. A AME tem como foco o auxílio às pessoas enfermas e em situação de vulnerabilidade social, sendo uma de suas principais atividades a produção e doação de forma altruísta, de uma multimistura enriquecida que é utilizada como suplemento alimentar, distribuída em escolas, hospitais e postos de saúde, bem como, às pessoas que buscam em sua sede pelo suplemento.
Através de doações de materiais para a produção da farinha, a associação produz mensalmente em torno de 1200 pacotes de multimistura de forma cooperativa, onde amigos, vizinhos, familiares, e demais colaboradores da comunidade participam da sua distribuição. Contudo, a AME também trabalha, ao longo de sua trajetória, em busca da inclusão social e incentiva a população à integrar a arte e cultura por meio de eventos recreativos esses criados por iniciativas dos membros da associação ou através de projetos de extensão, apoiados pelo grupo de trabalho da INCOP que acompanha constantemente as suas atividades. Desta forma, a AME acredita que a interação entre as atividades esportivas, artísticas e culturais e a sua atividade principal de produção e distribuição gratuita da multimistura, pode ser um dos caminhos ao desenvolvimento local e social.
Referências Bibliográficas:
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SALLES, M. R. R.; SALES, G. A. F. O Sistema da dádiva nas relações comunitárias e a constituição de alianças pelo trabalho tradicional. In:. Revista Cultura e Turismo, ano 6, n.2, p.20-42, 2012.
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